O Professor tira dúvidas

Agosto 29 2009

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publicado por OPTD às 14:00

Julho 07 2009

balao-vermelho.jpg

 

Era uma vez um balão vermelho, brilhante e cheio de gás.

Quando as crianças o viam, queriam logo ir atrás.

Um dia, cansado de ser tão desejado,resolveu fugir para outro lado.

Escapou-se da mão do vendedor e foi pelo mundo em redor.

Viu casas e carros, serras e montes, praças vazias e pessoas nas fontes.

de vez em quando, alguém olhava para cima e apontava:

- Lá vai o balão vermelho!

E ele acenava. Como podia, que braços não tinha, nem joelho:

- Adeus!

Foi sempre a subir e nunca mais ninguém o viu.

Parece que está num país de clima frio.

 

 José Miranda

publicado por OPTD às 22:47

Fevereiro 25 2009

 

VI
 
A Rosa que me desculpe, porque isto não são disparates, mas antes coisas muito sérias.
Imaginem como se deve sentir só uma Rosa Azul num jardim onde todos têm outras cores.
Como se deve sentir incompreendida, à margem das outras flores, por ter uma cor diferente e por ser, também por isso, especial e única...
Porque era assim que ela se sentia.
 
***
 
No princípio, quando desabrochou, nem se deu conta de que era Azul.
Era uma Rosa e chegava-lhe.
Mas depois as coisas complicaram-se...
Foi quando entrou para a escola das flores.
É que as outras flores metiam-se com ela e chamavam-lhe nomes feios, só por ser Azul e por ser a única flor Azul que as suas colegas tinham visto até então.
Realmente, há flores muito estúpidas!
Chamavam-lhe "podre, murcha, deslavada, escandalosa, desavergonhada" e coisas piores que eu não digo...
Especialmente as Rosas, aquelas invejosas!
Só porque a moda naquele jardim era o Verde e o Vermelho ou o Verde e o Amarelo ou o Verde e o Laranja...
Então o Azul não fica bem com o Verde?!
Pois, é uma questão de originalidade...
Mas porque hão-de ser as flores todas iguais umas às outras?
Os jardins não são concursos de imitações!...
Cada um é como cada qual e se me apetecer vestir umas calças Verde alface e uma camisola Azul bebé, ninguém tem nada a ver com isso...
Ainda que me fiquem mal.
Então eu não sou mais importante do que a cor da minha roupa?!
 
***
 
É que as pessoas às vezes confundem as coisas...
Trocam o que é importante pelo que não é.
Têm muito que fazer e depois...
O que está dentro de cada um de nós é que conta, não o que está por fora!
Eu posso ter aqueles ténis que toda a gente agora tem, mas não ter nada cá por dentro...
Ser assim parecido com aqueles manequins de plástico nas montras das lojas ali no Chiado.
Se eu for antipático e tiver os ténis daquela marca que vocês sabem, não gostam mais de mim por isso, pois não?
É que a roupa e os ténis são coisas e quando estão velhas vão para o lixo, mas as pessoas merecem o nosso respeito e compreensão, a nossa ajuda, o nosso abraço...
Não é por ser Azul que uma Rosa deixa de ser Rosa e isto é que é importante.
Pronto, tem uma cor esquisita para uma Rosa, mas por dentro é a mais linda do jardim e isso é que conta!...
publicado por OPTD às 11:18

Janeiro 03 2009

 

V
 
Assim era a nossa Rosa Azul...
"Porque nasci eu desta cor de céu distante e mar profundo, aqui no meio deste jardim, presa ao chão Castanho de um canteiro apertado?" - pensava a pobre Rosa, chorosa.
"Porque não sou eu Vermelha como as chamas, igual às minhas irmãs Rosas, que os namorados compram aos pares quando se julgam felizes por amar e ser amados?"
"Ou Amarela, cor de estrela acesa no céu Lilás da noite, como os Narcisos?"
"Ou Laranja, viva e perfumada, como as Gerbérias, ou... ou... ou..."
"Por que não tenho eu outra cor que não esta?!..."
"Ó Céu, porque me deste a tua cor, se não sou mar?!..."
 
publicado por OPTD às 13:03

Janeiro 03 2009

 

IV
 
"Mas sobre que outras coisas ainda pensava ela, afinal?" - perguntam vocês que também são curiosos como as Rosas.
Só disparates, digo-vos eu.
Então não é que a nossa Rosa também se punha a pensar na cor que tinha!
No Azul?!
Disparate!
 
***
 
E daí, se calhar não é disparate...
Se pensarmos bem, deve ser importante para uma Rosa Azul saber porque raio é Azul e não de outra cor qualquer.
Porque uma Rosa Azul não é igual a outra Rosa qualquer.
E quando se é diferente do que é mais igual, tudo nos faz sofrer e nada nos anima.
 
publicado por OPTD às 13:02

Dezembro 29 2008

 

III
 
Durante o dia, a nossa Rosa Azul lia os jornais de folhas diárias, nacionais e estrangeiras e escutava as novidades frescas do Vento.
À noite, assim que a Lua começava a emissão, mesmo por cima do Castelo de S. Jorge, lá estava ela, atenta a tudo o que ia aparecendo naquele écran.
E tudo porque a nossa Rosa gostava de se manter informada e tinha interesses múltiplos...
No fundo, era uma intelectual, digo eu.
E se calhar também era por isso que ela pensava tanto.
Porque os intelectuais estão sempre a pensar.
Seja no que for.
A pensar, a falar ou a escrever.
Nem comem só para pensar!
Mas isto de tentar perceber as pessoas já dá muito que fazer, quanto mais Rosas e, ainda por cima, uma que é Azul!...
 
***
 
Aquele botãozinho de Rosa não tinha descanso, sempre a magicar nalguma coisa.
Ele era nos ventos secos do Sahara, nas cheias do Nilo, nos tornados agitados do Pacífico, no anti-ciclone dos Açores (que estava sempre a despentear as Hortênsias) nas chuvas ácidas das nuvens com azia, nas migrações de gafanhotos, nas lagartas do milénio, no índice de clorofila dos pinheiros (que é daquelas coisas que põe as Rosas Verdes de inveja), nas últimas dietas de azoto em cápsulas que removem os espinhos mais entranhados, nas nomeações para a “Flor Mais Fresca da Estação”, enfim...
E sobre muitas outras coisas.
Porque a nossa Rosa Azul era muita curiosa e gostava de perceber as coisas.
Por isso pensava tanto.
E gastava as suas horas de exposição solar a aprender coisas novas e a tentar chegar a conclusões, em vez de bronzear as folhas...
"É uma intelectual, uma florósofa!"
"Mas para quê pensar?!" - comentavam, meio fechadas, atrás da cortina de heras, as outras flores do jardim.
Realmente...
Só mesmo uma Rosa Azul!...
 
publicado por OPTD às 12:05

Novembro 24 2008

 

II
 
A Rosa da nossa história não era nervosa, mas pensava muito.
E lia no pó das folhas, nervura por nervura!
E ainda por cima no alfabeto das Rosas: risquinho para a esquerda, risquinho para a direita, tracinho atravessado aqui, tracinho atravessado além...
Uma complicação!
Só mesmo as Rosas...
E se forem alfacinhas ainda pior, com aquele sotaque muito fresquinho!...
 
***
 
Mas não era só o que a nossa Rosa lia nas folhas que a punha a pensar.
Também ouvia as histórias que o Vento lhe trazia de longe, ou mesmo só do Tejo, e via muito a Lua.
Sim, via a Lua.
Não me enganei, é mesmo ver, não é olhar.
Porque são coisas muito diferentes!
Não acreditam?
Pensem comigo: de manhã, quando saem de casa, olham para o caminho, senão tropeçavam e caíam, certo?
Mas será que viram as Rosas do caminho?
É porque às vezes nós olhamos, olhamos, mas não vemos bem as coisas...
Deve ser do sono.
Andamos sempre a correr, muito cansados!
Depois não abrimos bem os olhos e as Rosas todas passam-nos ao lado e nós nem reparamos.
Pelo menos é assim com as pessoas...
Eu falo por mim.
 
***
 
Mas a nossa Rosa não era assim.
Quando ela olhava para as coisas, via para lá delas, até ao coração.
Tipo raio-x.
Mas em vez dos ossos, a Rosa via a alegria, a tristeza, o carinho, a maldade, a dor, a esperança, o amor... que palpitavam nas coisas.
 
***
 
“E que outras coisas via a Rosa que não era cor-de-rosa no écran da Lua?”
Tanta coisa!
É porque para as Rosas a Lua é como a televisão das pessoas: mostra caras e desenhos e ri e esconde-se...
Aprende-se muito!
Só que ainda não tem som...
Ou se tem está muito longe para a gente ouvir e além disso as Rosas são muito curtas de ouvido.
São muitas pétalas na cabeça!
Abafa o som.
Elas sabem, mas além de nervosas são muito vaidosas e nem pensar em cortar as pétalas!
Que horror!...
Ah, e outra coisa, já me ia esquecendo!
A Lua também ainda é a Preto e Branco.
Mas também não se pode ter tudo!...
Mas como não se paga nada e não é preciso mudar de canal, as Rosas não se importam muito.
Sim, porque além de nervosas e vaidosas, são flores gananciosas e muito preguiçosas.
Só querem apanhar o Sol de Lisboa (de Janeiro a Dezembro!), tomar banhos de beleza com água doce (do Tejo, claro!) e fazer dietas de potássio que é bom para as folhas Amarelas!
Mas estou a ser mauzinho, é que nem todas as Rosas são assim...
 
continua...
publicado por OPTD às 12:11

Novembro 15 2008

 

I
 
            Era uma vez uma Rosa.
Uma Rosa Azul.
Uma Rosa como as outras.
Com as mesmas pétalas de veludo, aquele perfume leve, umas quantas folhas recortadas e meia dúzia de espinhos salpicados num caule comprido e estreitinho.
Uma Rosa!
Toda a gente sabe o que é...
Mas uma Rosa Azul.
 
***
 
Nem ela sabia bem porque era Azul.
Tinha nascido assim, Azul.
E quando uma Rosa nasce Azul não muda nunca de cor.
Não há nada a fazer!
Pelo menos é assim com as Rosas Azuis...
Quando muito ficam mais Azuis quando acordam contentes ou menos Azuis quando estão tristes e faz frio..
Mas eu não sei muito de Rosas.
Só me deram uma há uns tempos.
Mas era Vermelha e apodreceu com uns nervos que apanhou.
Sim, porque as Rosas são flores muito nervosas.
Pelo menos a que me deram...
 
continua...

 

publicado por OPTD às 10:19

Novembro 04 2008

 

 
 
***
 
 
José Miranda(c)
 
 
 
 
 
 
 
A Rosa Azul
 
 
Conto
 
 
 
 
 
 
 
2004
 
 
 
***
 


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À cidade de Lisboa, que me viu nascer, crescer e amar...
 
 
 
À Verónica,
 Pela Rosa Azul que nunca lhe darei.
 
À minha única Rosa Vermelha,
Presa ainda à memória do meu coração.
 
Às minhas Flores, passadas, presentes e futuras,
e a todas as pessoas que são Azuis por dentro...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A história que eu vou contar passou-se há já muitos anos, mas, por estranho que pareça, continua a acontecer todos os dias nesta cidade cheia de contrastes e diferenças.
 
Porque Lisboa também é assim. Já repararam bem?!
 
O Castelo tem a cabeça no ar, Alfama as costas em terra e Belém os pés no rio...
E depois é só altos, mas só tem uma só baixa...
E nem falo nos campos de todos os tamanhos: grandes e pequenos, nem das avenidas novas e dos pátios velhos...
 
Lisboa é mesmo uma terra cheia de diferenças!
 
A história da Rosa Azul também fala sobre ser diferente.
 
Ouvi-a contar a uma Rosa muito velha que vive na Estufa Fria e começa como todas as histórias com início pouco original...
 
continua...
 
publicado por OPTD às 11:03

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