O Professor tira dúvidas

Setembro 24 2013

A crónica é um texto de carácter reflexivo e interpretativo, que parte de um assunto do quotidiano, um acontecimento banal, sem significado relevante.

É um texto subjectivo, pois apresenta a perspectiva do seu autor, o tom do discurso varia entre o ligeiro e o polémico, podendo ser irónico ou humorístico.

É um texto breve e surge sempre assinado numa página fixa do jornal.


CARACTERÍSTICAS DA CRÓNICA

O discurso

Texto curto e inteligível (de imediata percepção);
Apresenta marcas de subjectividade – discurso na 1ª e 3ª pessoa;
Pode comportar diversos modos de expressão, isoladamente ou em simultâneo:
- narração;
- descrição;
- contemplação / efusão lírica;
- comentários;
- reflexão.

Linguagem com duplos sentidos / jogos de palavras / conotações;
Utiliza a ironia;
Registo de língua corrente ou cuidado;
Discurso que vai do oralizante ao literário;
Predominância da função emotiva da linguagem sobre a informativa;
Vocabulário variado e expressivo de acordo com a intenção do autor;
Pontuação expressiva;
Emprego de recursos estilísticos.

A temática

Aborda aspectos da vida social e quotidiana;
Transmite os contrastes do mundo em que vivemos;
Apresenta episódios reais ou fictícios.

(A crónica pode ser política, desportiva, literária, humorística, económica, mundana, etc.)

 

Definição linguística de crónica jornalística

 

A crónica jornalística é um texto com características de texto utilitário

(“não-literário”) que pode ser classificado como um texto monológico que apresenta uma temática

 “estabelecida mais ou menos com precisão” (Vilela, 1999: 487) ou ainda a crónica

 é um “género do discurso jornalístico que, autorizando a expressão do redactor (jornalista

ou figura pública), revela a importância, mais ou menos polémica, de um facto

ou acontecimento tido como significativo (ou que se quer fazer valer como tal)” (Coutinho,

2001: 50).

http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/4602.pdf

 

 

Vê aqui outras definições:

http://www.significados.com.br/cronica/

 

Vê aqui exemplos de crónicas:

http://fjv-cronicas.blogspot.pt/2004_09_01_archive.html

http://visao.sapo.pt/ricardo-araujo-pereira=s23462

 

 

 Cronos

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cronos

 

 

Para mais informações clica no tag crónica

publicado por OPTD às 22:08
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Dezembro 28 2012

E será Natal para sempre

Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de 10 meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal. É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: 10 meses de Natal e 2 meses de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas. Será bom.

Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente, de cortina de ferro à cortina de nylon — sem cortinas. Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade. Os objetos se impregnarão de espírito natalino, e veremos o desenho animado, reino da crueldade, transposto para o reino do amor: a máquina de lavar roupa abraçada ao flamboyant, núpcias da flauta e do ovo, a betoneira com o sagüi ou com o vestido de baile. E o supra-realismo, justificado espiritualmente, será uma chave para o mundo.

Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de cobrança, de descompostura nem de suicídio. O correio só transportará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall, em que noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso. A crítica de arte se dissolverá jovialmente, a menos que prefira tomar a forma de um sininho cristalino, a badalar sem erudição nem pretensão, celebrando o Advento.

A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro.

A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.

Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semi-armadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será descoberta no dicionário: paz.

O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo. Salário de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.

Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que passarão a depósito de doces, para visitas. Haverá dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível.

A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã.

O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive.

E será Natal para sempre.

Carlos Drummond de Andrade, Cadeira de Balanço - Rio de Janeiro, 1972

 

publicado por OPTD às 22:19

Junho 22 2012

Num país com baixos índices de escolarização e altos níveis de iliteracia, os pais tendem a confundir a preparação, a cultura e o conhecimento dos seus filhos com as notas que eles têm em exames. Este "conhecidómetro" instantâneo transformou-se no alfa e no ómega do nosso sistema educativo. Pouco interessa o que realmente se aprende na escola e qual a utilidade do que se aprende para o desenvolvimento intelectual, cultural, técnico e emocional (desculpem, "emocional" não, que é "eduquês") da criança (desculpem, "criança" não, que é "piegas") e do adolescente. A escola tem apenas uma função: preparar para os examesA.

Um pai um pouco mais exigente, que tente acompanhar os estudos do seu filho, depara-se sempre com a mesma avassaladora e pragmática resposta: "pai, isso não me interessa, não sai no teste"; "mãe, não é assim que está no livro". A nossa escola promove duas coisas: a completa ausência de sentido crítico e a capacidade de memorização. Não desprezo a segunda, muitíssimo longe disso. Mas, se não me levarem a mal, não chega.

Na escola portuguesa também se despreza cada vez mais a capacidade de desenvolver projetos, em grupo ou individualmente, promove-se pouco o desejo de ir mais longe do que é debitado nas aulas e dá-se muito pouco valor à expressão oral. Depois de centenas de exames, um aluno com excelentes notas pode acabar a escola sem saber desenvolver oralmente uma ideia e sem conseguir argumentar num debate. Porque o essencial da avaliação é feita através de provas escritas, sem consulta, e iguais para todos.

Compreende-se esta opção: é aquela que melhor serve o raciocínio do burocrata. E para o burocrata a exigência não se mede por o gosto por aprender (ui, o que eu fui escrever!) e pelo desenvolvimento de capacidades que são forçosamente diferentes, de pessoa para pessoa. O burocrata abomina, pela sua natureza, as variações que lhe estragam os gráficos.

Os testes e exames não servem para avaliar o que se aprendeu nas aulas e fora delas, as aulas é que servem para os alunos se prepararem para os testes e exames. E avaliados de uma forma que, com raríssimas exceções, nunca mais vão voltar a experimentar na sua vida. Nunca mais, em toda a minha vida, me tive de sentar numa secretária e despejar por escrito o que, como a esmagadora maioria dos alunos, tinha decorado uns dias antes.

O ministro Nuno Crato passa por um reformador. Porque alguém meteu na cabeça das pessoas que há uma qualquer relação entre a "escola moderna" (um movimento pedagógico considerado libertário) e as práticas e teorias em vigor nas escolas públicas e no Ministério da Educação. Na realidade, a escola sonhada por Nuno Crato é muito próxima da escola que realmente temos. Ele apenas decidiu agravar todos os seus vícios: a "examinite" aguda, o domínio absoluto do que a gíria estudantil chama de "encornanço" e o predomínio burocrático da avaliação como princípio e fim das funções do ensino. Lamentavelmente, como poderemos ver comparando o nosso sistema educativo com os melhores da Europa - o finlandês, por exemplo, que tem os melhores resultados no mundo apenas tem, que eu saiba, um exame no fim do ensino secundário -, este sistema não prepara profissionais competentes, pessoas interessadas e cidadãos conscientes. Este sistema burocrático, pensado por burocratas, apenas forma excelentes burocratas.

Nuno Crato já tinha criado os exames no final do 2º ciclo e, absoluta originalidade em toda a Europa, no final do 1º ciclo. Promete agora a introdução de mais exames nacionais, no final de cada ciclo, em mais disciplinas. Não tenho a menor dúvida que a medida é popular. Popular entre muitos pais, que podem ver as capacidades dos seus filhos traduzidas em números, sem terem de acompanhar o que eles realmente sabem. Popular entre muitos professores com menos imaginação que têm assim metas bem definidas, sem a maçada de trabalhar com a singularidade de cada aluno.

A escola, como uma fábrica de salsichas, é o sonho do ministro contabilista, do professor sem vocação e do pai sem paciência. Não vale a pena é enganar as pessoas: não se traduz em qualquer tipo de "exigência" (uma palavra com poderes mágicos, capaz de, só por ser dita, transformar a EB 2 3 de Alguidares de Baixo no Winchester College) nem em mais qualificação profissional e humana dos jovens portugueses. Os países que conseguiram dar à Escola Pública essa capacidade seguiram o caminho oposto. Aquele que Nuno Crato abomina.



In Expresso 20062012

publicado por OPTD às 14:31

Novembro 23 2011

Notícia criada em 2011-11-21 e lida 745 vezes
 

 A mensagem fatal de um copianço - Isabel Stilwell

 

Um aluno de 10 anos foi apanhado a copiar numa escola de Chaves. Já não é coisa boa, mas se lhe disser que um aluno foi apanhado a copiar, com ajuda de sms enviadas pela mãe, é provável que dê um salto. Eu pelo menos dei, mesmo sabendo que em Portugal por vezes há aprendizes de juízes que copiam, com a complacência dos professores. De facto, uma mãe que planeia em casa a estratégia do copianço com o filho, lhe entrega um telemóvel para levar a cabo a operação, e se senta em casa à espera da hora do teste para lhe servir de cúmplice é de bradar aos Céus. Os pais são, afinal, aqueles que dão bons exemplos aos filhos, que exigem deles esforço, honestidade e a capacidade de assumirem as consequências dos seus actos, mesmo que o seu acto seja o de não ter estudado para uma prova. Aqueles que não aceitam que os filhos sejam menos do que eles em termos de integridade moral, e que desprezam notas (ou qualquer outra coisa), que resulte de batota e aldrabice. Os pais saudáveis querem que os filhos respeitem os docentes e a escola, porque sabem que não há outra forma de os seus filhos aprenderem, a ler e a escrever, certamente, mas mais do que isso a lidar com o mundo. 
O problema do menino de Chaves não é decididamente dele, mas vai ser. E muito menos do telemóvel, como ouvi dizer a um dos responsáveis da escola, porque os telemóveis não copiam. O que passa pela cabeça dos pais para entrar num jogo destes? Seja a incapacidade de ver o filho sofrer a frustração de não saber as respostas, seja a ideia de que todos os meios justificam os fins, a verdade é que para esta criança a mensagem que passa é, antes de mais, que os pais não acreditam nas suas capacidades. E essa é fatal.

 

Isabel Stilwell

 

in Jornal Destak

 

publicado por OPTD às 20:52

Outubro 26 2010

http://www.prof2000.pt/users/jmatafer/jornal/o_que.htm

 

Para quem ainda não ouviu...

 

publicado por OPTD às 07:22

Março 08 2009

Definição :

 

http://www.infopedia.pt/pesquisa?qsFiltro=14

 

Exemplos:

 

 http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/letras/cronicas.htm

publicado por OPTD às 14:13
Tags:

Março 06 2009

 

O fim último da vida não é a  excelência... 

  O autor deste texto é João Pereira Coutinho,  jornalista. 

"Não tenho filhos e tremo só de pensar.  Os exemplos que vejo em volta não
aconselham temeridades. Hordas de amigos  constituem as respectivas proles e,
apesar da benesse, não levam vidas  descansadas. Pelo contrário: estão
invariavelmente mergulhados numa  angústia e numa ansiedade de contornos
particularmente patológicos. Percebo  porquê. Há cem ou duzentos anos, a vida
dependia do berço, da posição  social e da fortuna familiar. Hoje, não. A
criança nasce, não numa família  mas numa pista de atletismo, com as
barreiras da praxe: jardim-escola aos  três, natação aos quatro, lições de
piano aos cinco, escola aos seis, e um  exército de professores,
explicadores, educadores e psicólogos, como se a  criança fosse um potro de
competição.
 

Eis a ideologia criminosa que  se instalou definitivamente nas sociedades
modernas: a vida não é para ser  vivida - mas construída com sucessos
pessoais e profissionais, uns atrás  dos outros, em progressão geométrica
para o infinito. É preciso o emprego  de sonho, a casa de sonho, o maridinho
de sonho, os amigos de sonho, as  férias de sonho, os restaurantes de sonho.
 

Não admira que, até 2020,  um terço da população mundial esteja a mamar forte
no Prozac. É a velha  história da cenoura e do burro: quanto mais temos, mais
queremos. Quanto  mais queremos, mais desesperamos. A meritocracia gera uma
insatisfação  insaciável que acabará por arrasar o mais leve traço de
humanidade. O que  não deixa de ser uma lástima.
 

Se as pessoas voltassem a ler os  clássicos, sobretudo Montaigne, saberiam
que o fim último da vida não é a  excelência, mas sim a felicidade!”
 
 
 
publicado por OPTD às 11:01

Um blogue de apoio às minhas aulas e a todos os que gostam de Português, Francês e tudo... Desde 2008.
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