Lisboa, 14 de Junho de 2009
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Era inevitável escrever-te estas linhas. Pelo menos para mim.
Desculpa-me se não tas digo olhos nos olhos, mas não consigo, talvez por vergonha, talvez por cobardia, talvez por medo da tua reacção.
Sempre pensei que tínhamos tudo para ser felizes juntos, mas acho que nunca quis ver o que estava à minha frente.
Somos muito diferentes, queremos e gostamos de coisas tão irreconciliáveis, que quase me parece uma ilusão aquilo que chegámos a viver.
No fundo, tenho muito pouco para te dizer. É como aquele poema, «já gastámos as palavras…»
E no entanto, tanto fica por cumprir entre os dois, tanto por dizer, tanto para viver.
Tenho pena que nunca saibamos como poderia ter sido, mas, neste momento, acho que não podemos fingir que nada disto que temos se aproxima do que quisemos ter e a certeza disto é dolorosa e tremenda, incomoda e perturba.
Não consigo prolongar mais este sofrimento, que acaba por ser aquilo que mais fortemente nos une, por isso espero que consigamos seguir o nosso próprio caminho, sozinhos, sem raivas, nem mais mágoas do que as que já carregamos.
Nunca imaginei este momento, nem o desejei, mas compreendo agora que é o melhor a fazer.
Não te desejo, falsamente, as felicidades que não vejo agora também para mim, espero só que daqui por muito tempo, possamos olhar para estas palavras como algo de necessário e bom.
Adeus, meu amor.
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