Pela rua do já vou, chega-se à casa do nunca.
Miguel de Cervantes
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Sete ideias para os jovens que vão a exame! - Nuno Crato
Notícia criada em 2011-05-31 e lida 592 vezes
DENTRO DE ALGUMAS semanas, milhares de estudantes do Ensino Básico e Secundário terão exames. Sabemos que as provas nem sempre estão bem feitas, que são menos frequentes do que deviam, que não têm o grau de exigência necessário e que, muitas vezes, os enunciados são enganosos. Mas isso neste momento pouco importa. Para os estudantes, para os pais que os acompanham e para os professores que os apoiam, o que agora interessa é aproveitar estas últimas semanas. Ainda há tempo para muita coisa, desde que se trabalhe. Talvez algumas das ideias seguintes sejam úteis.
Primeira ideia: Programar o estudo. É um dos factos mais surpreendentes da vida: traçar objectivos é meio caminho andado para os atingir. Isso é verdade na escola, na política, no desporto, nas empresas. Pode-se trabalhar muito, pode-se estar o dia todo ocupado e parecer que não se consegue fazer mais nada. Mas quando se perde um pouco de tempo a pensar e organizar a vida, consegue-se fazer mais. Daqui até às provas há ainda algumas semanas; por que não fazer uma lista das matérias prioritárias e planear dominá-las, com objectivos traçados semana a semana e dia a dia? Depois, é controlar o plano de estudo. Basta perder cinco minutos ao fim do dia para verificar o que se fez e não se fez e o que é preciso fazer para recuperar o tempo perdido.
Segunda ideia: Testar o que se sabe. É uma das descobertas mais sólidas da psicologia cognitiva moderna: as avaliações são um auxiliar importantíssimo do estudo; muitas vezes aprende-se mais enquanto se pensa como responder a um teste ou a verificar onde se errou, do que no estudo calmo e descontraído. A resolução de testes e exercícios é fundamental.
Terceira ideia: Voltar atrás quando não se percebe. Andar muito tempo à volta de um exercício ou de um conceito e não o conseguir entender é habitualmente sintoma de que há algo para trás que não se percebe. Não vale a pena fingir que se saltam obstáculos.
Quarta ideia: Perceber e decorar, decorar e perceber. Ao contrário do que recomendam algumas teorias pedagógicas ultrapassadas, a memorização não é inimiga da compreensão. As duas coisas são necessárias e reforçam-se mutuamente. Saber de cor uma fórmula pode ajudar a perceber um conceito e perceber um conceito pode ajudar a decorar uma fórmula útil.
Quinta ideia: Nem sempre o que parece mais fácil é o melhor. Entre ler um romance que se sabe que pode aparecer num exame e estudar um resumo, muitos jovens preferem ler o resumo. Que erro! Ler um romance é mais divertido, aprende-se mais, compreendem-se melhor os personagens e fixam-se melhor os pormenores.
Sexta ideia: Chegados ao exame, por mais difíceis que as questões pareçam, não desanimem. Muitas vezes, precisamos de algum tempo entre ler uma pergunta e ter a ideia da resposta. Leia-se segunda vez, terceira vez, com calma. Afinal a resposta pode ser simples.
Sétima ideia: Por mais simples que as questões sejam, não desanimem. Na Prova Intermédia de Ciências Físico-Químicas do 9.º ano feita este mês pelo Ministério, enunciavam-se um a um os nomes dos planetas do sistema solar e depois perguntava-se «o sistema solar é constituído por quantos planetas?» Muitos jovens podem não ter respondido por pensarem que havia algum truque. Não podia ser verdade! Não faz sentido perguntar a um aluno do 9.º ano se sabe ou não contar até oito! Mas era verdade.
in «Números e Letras» - «Expresso» de 28 Mai 2011